Tim
aponta a arma para o professor, ameaça mata-lo se ele acabar com a onda. Ele
pergunta: “Mas se você me matar, quem vai liderar a Onda?”. Diante do impasse,
Tim se mata.
“A Onda”, filme alemão de 2008, baseado em um experimento
social chamado Terceira Onda, feito por um professor de história na Escola
Secundária Cubberley, de Palo Alto, Califórnia, no ano de 1967. Tanto no filme
quanto na Terceira Onda os professores criam uma padronização na sala,
uniforme, saudação, um líder, uma paixão nacionalista, uma reprodução perfeita
de um movimento fascista. Mas somente essas características não nos levam a uma
sociedade fascista, temos no colégio uniforme, temos um líder (professor) em
sala de aula, amamos nosso país, nos cumprimentados, na menor das ocasiões com
oi. Então o que houve com os outros casos? Por que eles são considerados
fascistas e nós não?
Primeiro reavaliemos essas características, não foi
apenas uma saudação ou uniforme, começa necessariamente com o líder, que detém
o amor e devoção do povo, mais que personalidade, eles são intelectuais que
movimentam o povo por sua causa. Hitler, Mussolini, o professor, eles detinham
o poder do discurso, da convicção. Segundo elemento que propiciou os movimentos
fascistas, a péssima situação em que se encontravam. A Alemanha acabara de
perder a guerra, a Itália na mesma situação, com economia contida por leis
internacionais, um espírito de depressão circulava por esses países. A mesma
coisa no colégio, os alunos tinham todos os problemas e dificuldades que aflige
o mundo dos jovens, uma juventude tão ansiosa pela solução de seus males como a
juventude Hitlerista. Essas características unidas criam uma sociedade que, em
péssimas mãos, podem conduzi-la ao fascismo. A partir daí é somente um trabalho
de conquistar o povo e manter a ordem que se obtiver. Fica evidente que o
fascismo em seus métodos, como a uniformidade, a saudação, uma paixão que une
os seus membros e vários outros argumentos fascistas, como a incitação a
violência, um ódio direcionado a um grupo e exclusão daqueles que não se
aderem.
Tudo isso é visto
e revisto, no filme, na história do sec. XX, nas últimas manifestações que
ocorrem aqui no Brasil, grupos extremistas que lutavam pelo que eles diziam ser
a real democracia, aqueles sem partidos, com todos vestidos de branco, cantando
o hino nacional, e, por favor, abaixa essa bandeira do MST, do movimento LGBT,
dos movimentos negros, por que somos a voz do povo e se não fazem o que o povo
pede a gente desse a pancada. Felizmente, para a nossa felicidade, o que
faltava aos fascistas de rua era o líder, uma característica essencial para a
manutenção dos fascistas (houve um, incitado pela nossa tão bondosa VEJA. Ele,
é claro, naufragou, mal tinha barba, o que dizer do bigode. Líder fascista sem
bigode não da certo).
Por fim, é visível como o regime fascista é um mal para a
democracia, ela exige a não participação do povo na política, apenas a
aceitação da mesma, não propõe o debate político (ditadura disse um oi) e trata
com violência qualquer opinião contrária, precisa de um povo que não se
movimente, não discuta e não duvide daquele que segue. Mantendo essa unificação
ilusória do povo até o momento que não consegue mais, um rompimento drástico
entre os dois acontece, e dá pior forma possível, ou acaba um ou outro.
Retonando ao momento do filme que abre este texto, sem líder não há povo, e
muitas vezes a arma esta apontada a cabeça de todos os que se submeterem e ao
mesmo tempo impuseram uma ideologia tão massacrante e terrível como a fascista.
IFBA - Campus de Vitória da Conquista.
Alunos: Samuel Lacerda e Gabriel Amaral. Curso: Eletrônica Turma:6131