segunda-feira, 1 de abril de 2013

Guerra de Canudos x Fanatismo Religioso


Situação do Nordeste no final do século XIX (contexto histórico)

- Fome – desemprego e baixíssimo rendimento das famílias deixavam muitos sem ter o que comer;
- Seca – a região do agreste ficava muitos meses e até anos sem receber chuvas. Este fator dificultava a agricultura e matava o gado.
- Falta de apoio político – os governantes e políticos da região não davam a mínima atenção para as populações carentes;
- Violência – era comum a existência de grupos armados que trabalhavam para latifundiários. Estes espalhavam a violência pela região.
- Desemprego – grande parte da população pobre estava sem emprego em função da seca e da falta de oportunidades em outras áreas da economia.
- Fanatismo religioso: era comum a existência de beatos que arrebanhavam seguidores prometendo uma vida melhor.
Dados da Guerra de Canudos:
- Período: de novembro de 1896 a outubro de 1897.
- Local: interior do sertão da Bahia
- Envolvidos: de um lado os habitantes do Arraial de Canudos (jagunços, sertanejos pobres e miseráveis, fanáticos religiosos) liderados pelo beato Antônio Conselheiro. Do outro lado as tropas do governo da Bahia com apoio de militares enviados pelo governo federal.

Causas da Guerra:

O governo da Bahia, com apoio dos latifundiários, não concordavam com o fato dos habitantes de Canudos não pagarem impostos e viverem sem seguir as leis estabelecidas. Afirmavam também que Antônio Conselheiro defendia a volta da Monarquia.
Por outro lado, Antônio Conselheiro defendia o fim da cobrança dos impostos e era contrário ao casamento civil. Ele afirma ser um enviado de Deus que deveria liderar o movimento contra as diferenças e injustiças sociais. Era também um crítico do sistema republicano, como ele funcionava no período.
Os conflitos militares
Nas três primeiras tentativas das tropas governistas em combater o arraial de Canudos, nenhuma foi bem sucedida. Os sertanejos e jagunços se armaram e resistiram com força contra os militares. Na quarta tentativa, o governo da Bahia solicitou apoio das tropas federais. Militares de várias regiões do Brasil, usando armas pesadas, foram enviados para o sertão baiano. Massacraram os habitantes do arraial de Canudos de forma brutal e até injusta. Crianças, mulheres e idosos foram mortos sem piedade. Antônio Conselheiro foi assassinado em 22 de setembro de 1897.
Fanatismo religioso é uma forma de fanatismo baseada em rejeição de qualquer outra ideia que não a da interpretação religiosa particular de quem o possui, não raro considerando-se quem diverge como inimigo. Não é típica de nenhuma religião em particular, distinguindo-se de outras formas de fanatismo (por exemplo, o político e o ideológico) apenas por envolver uma religião ao invés de uma ideologia ou opção política.
Os fanáticos religiosos muitas vezes são capazes de tudo pra mostrar e defender suas opiniões e deuses, e que muitas vezes são demonstradas de uma forma errônea, gerando conflitos militares e civis.
Na maioria das vezes o fanatismo é associado ou confundido com o terrorismo, pois como já foi dito, eles são capazes de muita coisa para preservar suas tradições religiosas, em Canudos não foi diferente. O beato Antônio Conselheiro, que em 1861 Flagra a sua mulher em traição conjugal com um sargento de polícia em sua residência na Vila do Ipu Grande. Envergonhado, humilhado e abatido, abandona o Ipu e vai procurar abrigo nos sertões do Cariri, já naquela época um polo de atração para penitentes e flagelados, iniciando aí uma vida de peregrinações pelos sertões do nordeste.
Cansado de tanto peregrinar pelos sertões e então sendo um "fora da lei", Conselheiro decide se fixar à margem Norte do Rio Vaza-Barris, num pequeno arraial chamado Canudos. Nasce ali uma experiência extraordinária: em Bello Monte (como a rebatizou Antônio Conselheiro, apesar de encontrar-se num vale cercado de colinas), os desabrigados do sertão e as vítimas da seca eram recebidos de braços abertos pelo peregrino. Era uma comunidade onde todos tinham acesso à terra e ao trabalho sem sofrer as agruras dos capatazes das fazendas tradicionais. Um "lugar santo", segundo os seus adeptos. Os grandes fazendeiros e o clero sentem que seu poder está sendo ameaçado, e começam a se articular em busca de uma "solução" ao problema. Ocorre o episódio que desencadeia a Guerra de Canudos: em 24 de novembro deste ano, é enviada a primeira expedição militar contra Canudos, sob comando do Tenente Pires Ferreira. Mas a tropa é surpreendida pelos "fanáticos" de Antônio Conselheiro, durante a madrugada, em Uauá. Após uma luta corpo-a-corpo são contados mais de cento e cinquenta cadáveres de conselheiristas. Do lado do exército morreram oito militares e dois guias. Estas perdas, embora consideradas insignificantes quanto ao número nas palavras do comandante, ocasionaram o retiro das tropas. Em 29 de dezembro de 1896 tem início uma segunda expedição militar contra Canudos. Assim como a primeira, esta expedição foi violentamente debelada pelos conselheiristas.
•1897 – Tem início a terceira expedição contra Canudos; comandada pelo capitão Antônio Moreira César, conhecido como "o Corta-Cabeças", por suas façanhas "heroicas" na Revolução Federalista, no Rio Grande do Sul. Mas, acostumado aos combates tradicionais, Moreira César não estava preparado para eliminar Canudos, e foi abatido por tiros certeiros de homens leais a Antônio Conselheiro. A tropa foge em debandada, deixando para trás armamentos e munição. Para os conselheiristas, trata-se de uma prova cabal da "santidade" do beato de Belo Monte. Em cinco de abril de 1897 tem início a quarta e última expedição contra Canudos; desta vez o cerco foi implacável; até muitos dos que se rendiam foram mortos; eliminar Canudos e seus "fanáticos habitantes" tornou-se uma questão de honra para o exército. São mortos os últimos defensores de Canudos, e o exército inicia a contagem das casas do arraial.


Significado do conflito

A Guerra de canudos significou a luta e resistência das populações marginalizadas do sertão nordestino no final do século XIX. Embora derrotados, mostraram que não aceitavam a situação de injustiça social que reinava.
Assim como Canudos, vários grupos religiosos separatistas existem atualmente, a fim de defender seus ideais e pregar suas doutrinas. E se for do caso, pegam em armas e lutam até a morte pela religião. Antônio Conselheiro foi a peça chave por todo esse processo, que arrastou multidões que se instalaram no sertão da Bahia, a fim de criarem seu próprio regime, e quando se sentiram ameaçados, eles foram para guerra e lutaram até o fim. Conselheiro uniu a insatisfação popular em relação a assistência governamental da época, o casamento no civil que para ele era um dos sinais do anticristão e a instalação da república no Brasil, que diferente da monarquia, separava o Estado da Igreja.
Já o governo federal via Conselheiro como uma forte ameaça, pois todos os seus seguidores eram “lavados” de que não poderiam pagar impostos federais e que a república como um todo era uma obra satânica.
Canudos se assemelha bastante com alguns grupos islâmicos, que diferentemente de outras religiões, são intensamente incansáveis e indubitáveis em relação as suas doutrinas e descontentamentos, mas também muitas vezes são prejulgados como grupos terroristas e anarquistas, coisas que são o inverso da realidade. Leis são para serem cumpridas, pessoas são para serem cidadãos e religiões e doutrinas são para serem respeitadas, sejam elas quais forem.

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